miércoles, noviembre 26, 2008

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novembro 23, 2008

“FAÇAM-ME TUDO COMO SE ESTIVESSE MORTO!”

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Barndog

É homem das letras. Ensaísta, crítico de arte e literatura, poeta, amante da vida e do que dela afirma melhor: as mulheres. Casa e descasa por paixões – estando uma moribunda, outra se alevanta. Farto dos registos burocratas que legitimam amores, altura houve em que decidiu levar a cabo empreitada diferente das comuns. Calcorreou repartições em busca de alguma que, destemida, carimbasse inédito compromisso entre um homem e uma mulher: pacto, mutuamente consentido, de exclusiva prática adúltera. Não conseguiu. Há vinte e cinco anos que vive com a mulher-amada-amante nas condições fora-de-lei então definidas.

Num fim de tarde adoçado por réstia de sol, o lençol do Tejo em frente, afirmou: “nunca falhei a uma mulher”. Bailaram insinuações brejeiras. Amigos de tempos que foram e são aproveitaram a deixa magistralmente encenada pela voz grave, gestos largos e lestos olhos azuis. Garantiram que alguma falha, alguma negação à sorrelfa da vontade, terá cometido o pedaço do corpo que nas vulvas encontra deleite. Negou. Deu razão: “a uma mulher, ou mais, se ajuntamento delas acontece, sempre disse: façam-me tudo como se estivesse morto! Ora, de um defunto nada há a reclamar. É milagre a ressurreição da carne. Alegre acrescento ao nada que antecipei.” Voaram risos e contestações no crepúsculo de folhas caídas. (...)

CAFÉ DA MANHÃ
Teresa C.
Mauro Castro



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